Olmir Stocker: um alemão bem brasileiro e sua guitarra mundial

Agora eu vou tirar da cartola todas as notas musicais e suas dissonantes para falar de um dos maiores guitarristas brasileiros e até, sem exageros, do planeta. Olmir Stocker - o Alemão -, está entre os instrumentistas mais conceituados do meio musical


Sua estrada no mundo da música se confunde com a de sua existência. Nascido e criado no circo, aos seis ou sete anos de idade o gauchinho já fazia de afinadíssimo violão seu brinquedo favorito, tocando e encantando os viventes com seu precoce talento musical. Aos doze, em pelotas, incluira na sua arte o cavaquinho e já se apresentava em rádio e no ‘Circo Stocker’ de seu pai.

Ainda em Porto Alegre, o jovem que trabalhava na Rádio Gaúcha, dedilhava seu talento na guitarra acompanhando em programas ao vivo de televisão, grandes nomes da música brasileira, entre eles a “pimentinha” Elis Regina. Em Curitiba, passa a integrar o quinteto de Breno Sauer, que segue para São Paulo e grava quatro discos, quando se apresenta em todas as regiões brasileiras e passa a ser requisitado para tocar com os mais renomados artistas da época.

Olmir Stocker têm mais de 1500 composições e fez turnês nos cinco continentes, seja acompanhando grandes nomes da música brasileira, com os grupos e duos instrumentais que integrou ou nos shows de suas produções solo. Há mais de meio século participa de conceituados festivais internacionais e de grandes shows e tem sua arte reconhecida em países como Japão, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Itália e Suíça.

ALEMÃO NO PALCO COM BORGHETINHO, YAMANDU, ZEZO E OUTRAS FERAS

Sendo considerado um mestre da música instrumental brasileira, pode ser visto, constantemente, em shows celebres ao lado de seus parceiros, igualmente feras, como: Hermeto Pascoal; Borghetinho; Yamandu Costa; Oswaldinho do Acordeon; Dominguinhos; Guinga; Mozart Mello; Ulisses Rocha; Michel Leme; Guello; Célio Barros, entre muitos outros parceiros jazz.


Com Jonas Sant’Anna forma um duo de violões chamado ‘Cordas Claras’, que pode dar disco em 2011. Há mais de dez anos Alemão é professor de guitarra do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim (antiga Universidade Livre de Música), onde já formou e vem formando uma nova geração de grandes guitarristas. Os dois guitarristas foram escolhidos para utilizar o modelo premiado com o “Equipo de Ouro” da revista Guitar Player: Golden GSH 560.


JOVEM GUARDA

Em 1960, Erasmo Carlos emplaca nas paradas de sucesso música de sua autoria. ‘O Caderninho’, uma das poucas canções da Jovem Guarda que tinha mais de três acordes. Está entre as canções brasileiras mais regravadas, tendo quase 40 interpretações diferentes. De “mala e cuia” em Sampa, Já conhecido e com talento reconhecido por artistas brasileiros, começa a trabalhar com Roberto Carlos e Wanderléia. Com ‘Os Wandecos’ - banda da ‘Ternurinha’ -, gravou um compacto simples pela gravadora Continental, com a música ‘A Garotinha da Estação’, autoria de Olmir Stocker e Newton de Siqueira Campos.

MÚSICO AUTÔNOMO


Além de Elis Regina, Roberto Carlos e Wanderléia, o guitarrista acompanhou, entre quase uma centena de artistas, Gregório Barrios, Ângela Maria, Nelson Ned, Lanny Gordin, e na melhor fase de Simone, com quem trabalhou muitos anos e participou dos melhores shows e discos da cantora baiana, entre eles: ‘Cigarra’, ‘Face a Face’ e ‘Ao Vivo no Canecão’.

b>TIME DOS FERAS


BRAZILIAN OCTOPUS - Em 1968 começa um projeto ao lado de instrumentistas, entre eles Hermeto Pascoal e o saxofonista Casé, quando foi formado o conjunto Brazilian Octopus, que gravou no ano seguinte um álbum instrumental da melhor qualidade. Alemão assina em parceria com Vitor Martins, a música ‘Canção Latina’. No repertório deste álbum memorável consta ainda: ‘Rhodosando’ e ‘Chayê’, ambas de Hermeto Pascoal; ‘Pavane’ (B. Octopus e Gabriel Fauré); ‘Momento B/8’ (B. Octopus e Rogério Duprat); ‘As borboletas’ (A. Popp e P. Cour); ‘Summerhill’ (João C. Pegoraro); ‘Gosto de ser como sou’ (Ciro Pereira e Mário Albanese); ‘Canção de fim de tarde’ (Thereza Souza e Walter Santos); ‘O pássaro’ (Alexander Gordin) e ‘Casa forte’ de Edu Lobo.

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GRUPO MEDUZA - Olmir Stocker fez parte também do grupo Medusa, que reuniu músicos instrumentistas de altíssimo nível, como: Amilson Godoy (piano), Cláudio Bertrami (baixo), Olmir “Alemão” Stocker (guitarra, violão, bandolim), Chico Medori (bateria) e Theo da Cuíca (percussão). O grupo deixou registrado para a eternidade dois discos gravados pela ‘Som da Gente’, que são duas obras primas da música instrumental: ‘Grupo Medusa’ (1981) e o refinado ‘Ferrovias’ (1983). Alemão entrou no Grupo Medusa para substituir Heraldo do Monte e participou da gravação do segundo álbum.


DUO ALEMÃO & ZEZO - Depois de fazerem vários trabalhos profissionais juntos, Olmir Stocker e Zezo Ribeiro unem guitarra, violão, talento e cumplicidade musical para formar, em 1992, o Duo ‘Alemão & Zezo’, que resultou em três álbuns autorais: ‘Música Viva’; ‘Brasil Geral’ e ‘De A a Z’, este último lançado em 1995. O duo percorreu os cinco continentes, fazendo mais de 160 concertos em 23 países. O duo executou concertos no Teatro Municipal de Córdoba (Espanha) e no Teatro do Conservatório Nacional de Perpignan, na França. Além do Festival de Jazz de Montreal, participaram de festivais de música instrumental na Argentina, Chile, Espanha e Uruguai. Na turnê européia, em 1994, o duo Alemão & Zezo participou do roteiro de shows ‘Jazz Club’s’, se apresentando na Alemanha, Dinamarca, Espanha, França e Suécia. O Duo é, hoje, referência na música instrumental brasileira.
ALEMÃO E ZEZO NO SESC SANTANA


SIMONE GUIMARÃES - A cantora e compositora é outra Simone em sua carreira, mas esta na fase que escolheu como músico independente, onde a música está acima das exigências mercadológicas. Simone Guimarães faz parte deste "clã" de feras onde Alemão escolheu para desenvolver sua carreira. O disco "Piracema" da excdelente interprete e comprositora é um dos resultados desta rica parceria. 'Tamanduá' de Olmir Stocker tem letra e música do mais altíssimo nível que vale apena ser conferida.

EVENTOS INTERNACIONAIS

Membro da Associação Internacional de Guitarras, é considerado um dos mestres da música instrumental no Brasil e no exterior, sendo convidado frequentemente a participar dos principais eventos do gênero, entre eles: Montreal’s Festival; Free Jazz Festival; The Week of People´s Sound at the Town hall (Nova Iorque); Internacional Meething of Guitars (Argentina); Brasil Embassies Concerts (Uruguai, Argentina, Chile e Espanha); Internacional Festival of Guitars (Chile) e Guitarras Del Mundo (Equador).

TRABALHOS SOLOS



LONGE DOS OLHOS, PERTO DO CORAÇÃO - Ao final de sua trajetória como músico da banda de Simone, decide se dedicar exclusivamente à carreira solol e lança, em 1981, um dos mais belos discos de música instrumental que já ouvi: ‘Longe dos Olhos, Perto do Coração’. O vinil já era atraente pela plástica de sua capa, um convite para pegar carona em um caminhão e cair na estrada. Quando passava o “bolachão” na agulha começava o passeio por paisagens de um Brasil rico em ritmos e harmonias. São dez faixas que mostram o quanto este “alemão” é brasileiro: poço da panela; piranha; sereia santa; litorina; lado mouro; quase inocente; coco quadrado; turma do rio; no caminho tem pinguela; china buena de garupa. Olmir Stocker explora interferências alternativas nos arranjos, utilizando, inclusive, jatos de desodorante. Experimente! O aroma é de excelente qualidade;


ALEMÃO BEM BRASILEIRO - Seis anos depois, em 1987, continua sua viagem por um Brasil que a maioria dos brasileiros não conhece. Com formação de quarteto lança seu segundo álbum ‘Alemão Bem Brasileiro’. Nesta vez ele aprofunda ainda mais seu conhecimento de um Brasil Brasileiro sem preconceitos. Alemão é o guia turístico e o disco é o mapa musical que nos permite identificar e conhecer cada momento desta viagem. São doze faixas: Rio Paraná; Na Estação; Araucárias; Amazônia; Nasce Uma Mulher; Chegando em Chavantinha; Milonga Violada; Um Chopinho em Ipanema; Donzelas; Aquarela Nordestina; Pagos e Suíte do Índio. Acompanham Alemão neste tour musical pelo Brasil: Zezo Ribeiro (violão); João Parahyba (percussão) e Paulo Oliveira (flauta e sax alto).


SÓ SABOR - Continuando na sua estrada que trafega entre o jazz e a MPB, em 1990, lança seu terceiro álbum autoral "Só Sabor", atuando na guitarra e no violão de 12 cordas, ao lado dos músicos Zezo (violão e percussão), Paulo Oliveira (sax, flauta, percussão e wind sinthesizer) e Zinho (bateria e percussões). Além da faixa-título, o disco registra mais 13 composições: ‘Forró na Barranca’; ‘Severino Gutierrez’; ‘Quase Não Sai’; ‘Me Faz Cafuné’; ‘Só Xotinho’; ‘Bambu’; ‘Lua Virou Mar’; ‘Perna pra Pirapora’; ‘Galeria’; ‘A água chegou do Norte’; ‘Princesa do Guarujá’; ‘Superposto’ e ‘Dunas’. Pode saborear que o prato reúne os melhores temperos da música instrumental brasileira. Bom apetite!


MÉTODO DE COMPOSIÇÃO POPULAR - Alemão é autor de um método único de composição, onde a didática e a variedade de harmonias supera os padrões convencionais. São vários exemplos práticos, onde há harmonia e dois compassos em branco, dando a opção para que o estudante crie sua linha melódica. Alemão prioriza a improvisação harmônica mostrando passo a passo em oito formas diferentes e criativas para sua aplicação. A produção gráfica e editorial do material também é de excelente qualidade. Utilizando uma analogia poética, o autor fala da simplicidade dos exemplos melódicos: “Nada mais são do que a mina de onde irá brotar a água, transformando-se em córregos e criando rios imensos". É a sabedoria de quem sabe criar rios de melodias repletos de harmonias reais.

LADO B

GAROTA DA CASA VERDE - A musa inspiradora para os versos de ‘O Caderninho’ foi uma garota da Casa Verde, bairro onde o Alemão sempre morou em São Paulo. A sua “Helô Pinheiro” era filha de um conhecido que tinha uma loja de conserto de televisão e nunca ficou sabendo da homenagem. A música que diante deste fato poderia se chamar ‘Garota da Casa Verde’, foi criada tendo em mente a interpretação de Wilson Simonal e teve sua primeira gravação por Erasmo Carlos.

A TERNURINHA NÃO! - Há comentários de que ‘O Caderninho’ seria gravada por Wanderléia, mas foi boicotada pela gravadora CBS - Hoje Sony. Esta negativa se deu por precaução aos padrões morais daquela época, já que alguns versos poderiam ser interpretados de forma pejorativa na voz de uma cantora: "e em casa então/Você me abriria/Para me estudar". É isso, A ternurinha da jovem guarda não poderia correr o risco de ser vitima da malícia.

INFERNINHO DO JAZZ - Com a efervescência do rock’n’roll nos anos 1960 - e assim acontece em todos os períodos de modismo, a crise bate a porta dos artistas que não sabem fazer a música óbvia. Nestas épocas os jazzistas buscam refúgio nas boates, chamadas de inferninho. E foi em um destes inferninhos que Wanderléia garimpou Olmir Stocker para integrar ‘Os Wandecos’, seu grupo de apoio. O adjetivo “garimpar” é muito bem empregado neste caso, já que ela descobriu um brilhante ‘guitar hero’.

CARREGANDO PEDRA PARA DESCANSAR - O dito popular se encaixa também na música, em especial na vida do instrumentista. Quando morei com o tio "Miro" - como o chamamos na família, além de ser seu fã, passei a admirá-lo ainda mais como profissional. Entre várias demonstrações de total dedicação ao instrumento, lembro de uma vez quando chegou depois de dois ou três mêses de turnê pela europa com a Simone e a primeira coisa que fez ao sentar no sofá para conversar - depois de um banho é claro -, foi pegar o violão e ficar exercitando velozmente os dedos enquanto conversávamos. Nesta época foi presenteado com uma guitarra 'Fender' de dois braços pela baiana Simone, que praticamente aprendeu os primeiros acordes com o Alemão. Talvez este exemplo sirva para alguns que pretendam ingressar na área. É muito estudo e dedicação para toda a vida.

AS RAÍZES

Olmir nasceu em um circo que estava se apresentando em Taquari, interior do Rio Grande do Sul, no dia 17 de junho de 1936. Sua mãe, Olga Hofacker, era filha de um ginasta alemão de Frankfurt, cuja família tinha muitos imóveis na cidade. Mesmo antes da febre olímpica de 1936 - quando Hitler cismou que todos tinham de ser perfeitos -, ele se desentendeu com todos e entrou em um circo. Antes de vir para o Brasil, na Itália capturou uma linda mulher que lhe dera 24 filhos e 12 morrera com a gripe espanhola. O ‘Circo Hofacker’ talvez tenha sido o primeiro a entrar no Brasil e todos os filhos sobreviventes eram atrações no picadeiro, entre eles a bela equilibrista, Olga, mãe de Olmir e minha avó, que desperta a paixão de um colono igualmente descendente de alemães: Stocker, que era marceneiro e fabricava carroças. Apaixonado, vendo que a linda artista não abandonaria o ofício circense e que também não tinha como raptá-la, optou por entrar para o circo e, logo, formou dupla cômica com Pedro Eberle, membro da família que mexia com cutelaria e assim nasceu ‘Goiaba Preta e João Goiaba’.

‘CAUSOS’ DE FAMÍLIA

RECORDE - Alemão, é o caçula dos irmãos que alcançaram a fase adulta. Sua mãe, que era equilibrista de "arame", exerceu o trabalho nas alturas até o oitavo mês de gravidez. Depois de seis horas de parto, nasce Olmirzinho com 6,3 kg, sendo recordista da maternidade de Taquari durante 12 anos.

PORRE PRECOCE - Era comum o Circo Hofacker (da família de sua mãe), se apresentar nos países vizinhos e assim como o episódio do primeiro violão, este também aconteceu no Uruguai, quando o ‘Miro’ - assim o chamamos na família -, tinha apenas um ano de idade. Certo dia seu pai falava sobre astrologia e misticismo com um dos fundadores do ‘Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento’, o marceneiro Valdomiro Lorenz, com quem afinou uma grande amizade. Além de marceneiro Lorenz era fabricante de bitter - bebida amarga com alto teor alcoólico. Enquanto falavam do desconhecido não tomaram conhecimento que o pequeno Olmir havia engatinhado até um tonelzinho da bebida, colocado a mangueira na boca como se fosse mamadeira e para consumar a cena etílica, aberto a torneirinha que liberou o líquido responsável pelo primeiro e único porre de sua vida, já que teve trauma alcoólico e até hoje enjoa com o simples cheiro de bebidas destiladas. Sua sobriedade sempre lhe conferiu o crédito de testemunha confiável nas noites pelo mundo.

O PRIMEIRO VIOLÃO - Estava com seis anos de idade e o circo da família estava se apresentando no Uruguai e foi em um dia de folga, quando os irmãos estavam tendo aula de violão com um músico daquele país, que o “alemãozinho” conquistou seu primeiro violão. Certo momento da aula o gurizinho corrige um dos irmãos: “Aí não é Lá menor é Dó”. O intrometimento custou-lhe um tapa do pai que apreciava os estudos musicais dos irmãos mais velhos. E foi instantânea a intervenção do professor uruguaio: “El niño es cierto!”. Foi o suficiente para seu pai enxergar o talento e comprar-lhe o primeiro violão. Pouco tempo depois o pequeno Alemão já tocava umas milongas e recebia aplausos da platéia do circo. Este encantamento do público era demonstrado também com arremesso de moedas ao guri do violão, que eram recolhidas pelos irmãos.

A SEPARAÇÃO DOS PAIS - Em 1945, quando Olmir estava com nove anos de idade, veio a separação dos pais de Olmir, que foi morar com a mãe na cidade de Pelotas. ‘Dona Olga’ era parteira profissional e também fazia ondulação permanente em cabelos para se manter. O pequeno ‘Alemão’, que para ajudar, empurrava carroça e engraxava sapatos, aprendeu a confeccionar ‘pano molhado’. Conseguiu muitos fregueses, mas havia um que era especial: o artista Aldo Locatelli, que pintou muitas catedrais e também o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, chegando a ser considerado pelos críticos de arte na época, o novo Michelangelo.

A PRIMEIRA RÁDIO - Totalmente familiarizado com o violão, somou a arte do cavaquinho e com 12 anos de idade estava tocando e cantando na Rádio Cultura de pelotas (PRH4). Entre as interpretações ao vivo, o menino cantou ‘Canção do Jornaleiro’ (Olha a noite, olha a noite, eu sou um pobre jornaleiro...).

A VOLTA AO CIRCO - Passado algum tempo, o pai, que já tinha o próprio circo ‘Stocker’, ampliou a estrutura, sendo uma das primeiras companhias de diversão do Brasil, a reunir em único espaço, circo, teatro e parque de diversões. Foi quando ‘Olmirzinho’ voltou a ser atração musical no circo, agora somando a função de ator, que todos da família exerciam nas comédias e nas peças épicas, como ‘A paixão de Cristo’.

OS TRANSVIADOS - Certa vez na cidade de Arroio Grande, a programação do ‘Circo Stocker’ era: no picadeiro - ‘Atrações e Variedades; no palco - O espetáculo ‘Os Transviados’, drama em três longos atos de Amaral Gurgel, que toda a família encenava. Após uma destas apresentações, Olmir estava em frente ao teatro da Companhia, quando chegou uma meia dúzia de gaúchos montados em seus cavalos e começaram a olhar para o cartaz que dizia: ‘Hoje, Os Tranviados, drama de Amaral Gurgel’. De repente, um deles puxou um cigarro, acendeu e perguntou: “O que é que os ‘burlantim’ (artistas de circo) vão apresentar aí?” Acontece que não sabiam ler, mas havia um que conseguia juntar as letras mais ou menos e respondeu: “Pelo o que estou vendo aí, eles vão pegar uns três veados, botar no picador e dar umas voltas aí pra levar os pilas da gente!”.

JESUS CRISTO - Para terminar vou contar um ‘causo’ que aconteceu com o meu pai, Osvaldo Stocker, um dos irmãos mais velhos do ‘Tio Miro’, como chamamos o ‘Alemão’ na família. Como já foi dito, o elenco das peças era composto pela família. Era o meu pai quem interpretava ‘Jesus Cristo’ na ‘Paixão de Cristo’. Certo dia de espetáculo, estava tudo pronto para iniciar o segundo ato, que ao abrir a cortina aparecia Cristo pregado na cruz. Ocorre, que meu pai enquanto aguardava abrir a cortina, preso na cruz, estava com o cigarro na boca, dando os últimos tragos, e o que aconteceu? O contra regras abriu a cortina antes que ele acabasse de fumar e a platéia flagrou Jesus dando uma fumadinha antes de morrer. Imagine: o que era um drama se transformou numa hilária comédia.

Tenho a postagem de uma entrevista com o Alemão feita em sua casa pelo músico Rodrigo Chenta, seu ex-aluno na antiga ULM. Acesse a seção BATE-PAPO e viage mais um pouco com esta fera da guitarra. Eu até seria suspeito em falar, mas contra fatos não há argumentos.

FILME RARO DO BRAZILIAN OCTOPUS

Comentários

  1. Meu amigo Stocker Gaúcho.
    Acabas de publicar fantástica homenagem a um grande no mundo da música e da música do mundo. Tenho em meus arquivos longa entrevista que gravei com Alemão em 2009, e preciso desengavetar.
    Olmir Stocker é daqueles que te laçam pelos ouvidos, tal a magnitude da sua música. E ai de quem tiver a graça de encontrar-se pessoalmente com este mago das cordas. Ficará definitivamente pregado à sua majestosa figura humana, e escravo das cordas da sua guitarra.

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  2. https://behardbop.blogspot.com.br/2014/12/sadao-watanabe-brazilian-8-sadao-meets.html#gpluscomments

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