Nosso japonês “não” é o mais criativo

Um antigo editor de revista em São Paulo, certa vez, entre um gole de uísque e outro, me dizia que não concordava com a antiga e nostálgica propaganda da Toshiba que afirmava: "Os nossos japoneses são mais criativos que os japoneses dos outros", E sua teoria era de que os orientais, por essência, não são criativos e sim determinados, aplicados e estudiosos. O etílico bate-papo discorreu sobre o confucionismo. A filosofia de Confúcio era base da tradicional cultura oriental, que além de determinar reverência à educação, pregava a disciplina, o que nos faz entender o respeito de japoneses e sul-coreanos pelos professores, em especial, por aqueles que são responsáveis pela alfabetização.

Você deve estar me perguntando: o que tem a ver nossos japoneses com esta história? Na verdade eu também não sei, mas o antigo colega jornalista me convenceu que o adjetivo “criativo” não deve ser aplicado aos japoneses brasileiros ou de qualquer outro lugar. Estudando um pouco sobre a relação entre inteligência e criatividade, descobri que a inteligência está ligada ao fator QI e neste ponto os sul-coreanos e os japoneses alcançam destaque, justamente, pela cultura oriental que o amigo descreveu naquela conversa de botequim.

Entretanto, estas pesquisas me mostram que a criatividade resulta não do nível e sim do perfil de inteligência, que é difícil de ser testado, já que envolve transformação de talentos, paixão, improviso, habilidade em combinar elementos para gerar novas idéias e soluções para os desafios e problemas diários. Um exemplo claro de criatividade se deu quando Gutenberg produziu sua impressora offset, ao combinar o mecanismo de uma prensa de uvas com moldes da cunhagem de moedas: da primeira nasceu o conceito “prensa” e da segunda “gravação”.

Longe de querer julgar etnia, origem, ascendência ou qualquer coisa do tipo. Faço esta introdução porque nesta quinta-feira (7), o prefeito de Campo Limpo Paulista, Armando Hashimoto, lançou o OP (Orçamento Participativo) na cidade, modelo de gestão participativa implantado pelos primeiros governos do PT em Porto Alegre e que se expandiu para as administrações petistas do país, entre elas do prefeito Eduardo Pereira em Várzea Paulista. Não haveria de estranhar se o prefeito nipônico não fosse do PSDB e, principalmente, se o estilo “armandeano” de governar não fosse fechado e conservador.

Se juntarmos os mandatos do Dr. Luiz Braz com os dois do Dr. Armando Hashimoto, a administração tucana está há mais de quinze anos na cidade e sempre foi marcada por gestões não participativas, ou seja: nunca foi dado voz à população. E mais: o Dr. Armando ficou conhecido como o prefeito que sempre está falando ao celular quando chega à prefeitura, justamente, para não dar espaço aos simples “mortais” que o procuram. É a tecnologia a serviço do individualismo.

Coincidência, ou não, sua tentativa de mudar a imagem de homem público das elites, começou após o ex-prefeito José Roberto de Assis lançar a ONG Mais Cidadania (estruturada para lançar um programa de governo de forma participativa) e ter assumido a campanha da então candidata Dilma Rousseff, que obteve a maioria dos votos para presidente na cidade.

CTRL 'C' (PT) - CTRL 'V'(PSDB)

Devemos louvar qualquer governante que busque as bases de suas ações no corpo da população, mas que o faça com personalidade e não usando da ferramenta ‘copiar’ e ‘colar’. O prefeito tucano deveria, ao menos, ter mudado o nome do projeto, quem sabe ‘Consulta Pública’ ou transformar talentos (como focamos no início), combinando experiências de seu e de outros partidos para formar um conceito próprio de governo participativo.

Diante destes fatos, faço algumas interrogativas: será que buscou uma carona no projeto do município vizinho, usando nome e estrutura de ação, porque já é plenamente conhecido e reconhecido pelas populações das duas cidades? Será que está querendo usar a imagem do PT porque percebeu que o partido é forte na cidade e que precisará destes votos em 2012? Será que a cúpula estadual e nacional do partido vai aceitar a implantação integral de um dos programas petistas mais fortes em seu governo? É difícil acreditar!

Enfim, com o histórico deste governo, que está a mais de quinze anos construindo o hospital, prometendo sua inauguração a cada eleição, será que podemos acreditar que o "OP tucano" vai realmente ser um instrumento de participação para toda a população, todos os bairros? Aguardemos para ver!

Comentários

  1. Caro Stocker!
    Esse prefeito só pensa em fazer marketing. Para vc ter uma idéia, enquanto ele implanta uma escola de informática, em frente à mesma o esgoto corre a céu aberto, que o que acontece no São José. Vc tem razão quando diz que ele sempre foi distante da população, na verdade, continua sendo, é só fachada. Mas o povo não é mais besta não! Eles vão ver a prova disso nas eleições do ano que vem. Hospital? pode até inaugurar, mas funcionar eu duvido. Orçamento Participativo? pode até dizer que lançou, mas ouvir o povão de vertdade, eu também duvido.

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