Jundiaí contra o abuso e exploração sexual infanto-juvenil


Dois eventos alusivos ao ‘Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes’ serão realizados na cidade: a mobilização acontece dia 15 às 19h na Câmara Municipal de Jundiaí; e dia 18, a partir das 9h, no Parque da Cidade, haverá a caminhada em alusão ao tema.

Engajado à campanha federal ‘Faça Bonito. Proteja nossas Crianças e Adolescentes’, o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes – CMDCA de Jundiaí – vem promovendo ações de conscientização desde antes do carnaval com a adesão de várias personalidades da cidade, chamando a atenção para a necessidade das pessoas denunciarem toda e qualquer suspeita de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
No próximo dia 15 de maio (quinta-feira), às 19 horas, na Câmara Municipal de Jundiaí, o CMDCA promove o início da mobilização, chamando a sociedade para tomar parte do problema e assumir sua responsabilidade diante do abuso e da exploração sexual contra crianças e adolescentes.
A mobilização tem continuidade no domingo – dia 18 – a partir das 9 horas no Parque da Cidade, quando a população terá a oportunidade de participar de uma caminhada e prestigiar as ações promovidas pelo CMDCA de Jundiaí no ‘Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes’.
“O objetivo da campanha é chamar a atenção da sociedade ao problema e mostrar que é preciso denunciar para que os órgãos públicos possam acabar com esse mal”, alerta a presidente do CMDCA de Jundiaí, Claudia Honorio Tofoli.
A história motivadora
Em 1973 um crime bárbaro chocou o Brasil. Seu desfecho escandaloso seria um símbolo de toda a violência que se comete contra as crianças.
Com apenas oito anos de idade, Araceli Cabrera Sanches foi sequestrada em 18 de maio de 1973. Ela foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. O caso foi tomando espaço na mídia. Mesmo com o trágico aparecimento de seu corpo, desfigurado por ácido, em uma movimentada rua da cidade de Vitória (ES), poucos foram capazes de denunciar o acontecido. O silêncio da sociedade capixaba acabaria por decretar a impunidade dos criminosos.
Os acusados, Paulo Helal e Dante de Brito Michelini, eram conhecidos na cidade pelas festas que promoviam em seus apartamentos e em um lugar, na praia de Canto, chamado Jardim dos Anjos. Também era conhecida a atração que nutriam por drogar e violentar meninas durante as festas. Paulo e Dantinho, como eram mais conhecidos, lideravam um grupo de viciados que costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas.
A capital do estado era uma cidade marcada pela impunidade e pela corrupção. Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou diante do crime. Sua mãe foi acusada de fornecer a droga para pessoas influentes da região, inclusive para os próprios assassinos.
Apesar da cobertura da mídia e do especial empenho de alguns jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois. Sua morte ainda causa indignação e revolta.
Mobilização para a data
O dia 18 de maio foi instituído em 1998, quando cerca de 80 entidades públicas e privadas, reuniram-se na Bahia para o 1º Encontro do Ecpat no Brasil. O evento foi organizado pelo Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (CEDECA/BA), representante oficial do Ecpat, organização internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças, pornografia e tráfico para fins sexuais, surgida na Tailândia. O encontro reuniu entidades de todo o país. Foi nessa oportunidade que surgiu a ideia de criação de um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil.
De autoria da então deputada federal Rita Camata (PMDB/ES) – presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente do Congresso Nacional -, o projeto foi sancionado em maio de 2000.
Desde então, a sociedade civil em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes promovem atividades em todo o país para conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade da violência sexual.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as suas Aracelis.
Símbolo
A campanha tem como símbolo uma flor, como uma lembrança dos desenhos da primeira infância, além de associar a fragilidade de uma flor com a de uma criança. O desenho também tem como objetivo proporcionar maior proximidade e identificação junto à sociedade, proximidade e identificação com a causa.
Esse símbolo surge durante a mobilização do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de 2009. Porém, o que era para ser apenas uma campanha se tornou o símbolo da causa, a partir de 2010. Para alcançar esse objetivo, é necessário que a sociedade em geral Faça Bonito na proteção de nossas crianças e adolescentes.
Chamada
O slogan ‘Faça Bonito – Proteja nossas crianças e adolescente’ quer chamar a sociedade para assumir a responsabilidade de prevenir e enfrentar o problema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes no Brasil.
A Lei
O “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes” foi instituído pela Lei Federal 9.970/00, sendo o dia 18 de Maio uma conquista que demarca a luta pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no território brasileiro.

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