ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO TOMBA A DEMOCRACIA BRASILEIRA

DIREITOS HUMANOS E LIBERDADE DE EXPRESSÃO TAMBÉM FORAM ATINGIDOS. A vereadora carioca, assassinada junto com o motorista Anderson na noite da quarta-feira (14), era uma das poucas referências de empoderamento da população pobre e negra do país.


Em um país de pouquíssimas oportunidades às classes menos favorecidas socialmente, a vereadora Marielle Franco da cidade do Rio de Janeiro simbolizava o difícil empoderamento da mulher; simbolizava o sentimento de orgulho da sua raça; simbolizava a luta pela conscientização dos valores e das riquezas culturais dos negros; simbolizava a coragem de poucos na defesa dos direitos humanos, das minorias; simbolizava o povo sofrido da favela – o seu povo.

Mesmo com mandato de vereadora, Marielle manteve-se na situação vulnerável como moradora de uma das maiores favelas do mundo: o Complexo da Maré, onde nasceu, cresceu, foi mãe aos 19 anos de idade e viveu a vida sofrida do lugar, sempre de cabeça erguida e com disposição para superar as dificuldades e conquistar sua inclusão num espaço da sociedade, onde poucas mulheres estão inseridas, sobretudo negras e “cria da favela”, como ela própria se descrevia com orgulho “por ser de lá”.

Decidida, a jovem Marielle Franco graduou-se em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), graças à conquista de bolsa-integral nos concorridos vestibulares do Rio de Janeiro, depois de participar no pré-vestibular comunitário do Complexo da Maré. Focada nos estudos e nas notas para manter a bolsa integral conquistada e garantir a formação, além da responsabilidade de mãe, Marielle ficou impossibilitada de realizar sua enorme vontade de atuar no grêmio estudantil durante o período em que cursou faculdade.

Porém, já pedagoga, pós-graduada, e pesquisadora conceituada, o tempo foi recompensado com forte militância política e ativismo nas diversas frentes em defesa dos direitos humanos, que foi provocado a partir da morte por tiro de bala perdida de uma jovem amiga, durante confronto entre policiais e traficantes no complexo de favelas da Maré. A defesa dos direitos das mulheres foi outra importante frente de luta da vereadora e ativista Marielle Franco.

SEGUIDORES DE UM MOVIMENTO COLETIVO

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), a vereadora Marielle, quinta maior votação nas eleições de 2016, com 46.502 votos (60% deles nas comunidades e 40% na zona sul carioca), obteve a declaração pública de voto de 257 acadêmicos e professores, que declararam apoio à sua candidatura, passando a seguidores do justo movimento coletivo, onde se faz indispensável a democracia para que a liberdade de expressão possa ser exercida por todos.  

No exercício de suas funções parlamentares, como representante das classes menos favorecidas socialmente da cidade do Rio de Janeiro, como representante de minorias, e como autoridade na defesa dos direitos humanos no estado, tinha uma rotina de reuniões muito intensa e de declarações e denúncias muito tensas, dada seriedade do inseguro momento nas comunidades cariocas.

Marielle era a voz dessas pessoas que sofrem preconceitos, desrespeitos e que são órfãs de direitos básicos, incluindo a liberdade de ir e vir e poder se expressar sem repressão. Ao calar a voz de Marielle, executaram a democracia com covardia.

Assim como grande parte das legendas brasileiras, a direção estadual do Partido da República (PR-SP), em defesa da democracia brasileira, defende justiça para esse crime brutal. “A vereadora Marielle Franco era combativa dentro dos seus direitos democráticos e republicanos. Era uma nova líder política que teve sua vida e seu promissor futuro eleitoral encerrado de forma covarde. Em nome da justiça e da democracia, é preciso que os culpados sejam descobertos e condenados.”, opina o presidente estadual do PR-SP, José Tadeu Candelária, ao concluir:

“Na esperança de que as bandeiras de lutas da Marielle mantenham-se vivas nos movimentos feministas, sociais e de direitos humanos no Brasil e no Mundo, a família republicana do estado de São Paulo solidariza-se com os familiares e amigos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, rogando a Deus que conforte seus corações neste difícil momento de dor.”, disse em tom de lamento Candelária, dirigente maior do PR paulista.

Para
Diretório Estadual PR-SP


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Comentários

  1. http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,padre-e-xingado-ao-citar-marielle-franco-durante-missa-em-ipanema,70002233991

    E ele está errado? Gostem ou não gostem, concordem ou não, Marielle tinha mandato, era uma autoridade política e representava, legalmente, as gentes que poucos enxergam e muitos ignoram e atacam, sem ao menos querer ver que elas também existem, em situação de sub-existência social e moral, mas existem. Por que não fazer uma analogia com Jesus? O que resolveu matá-lo se as suas lutas e ensinamentos, mesmo depois de 2 mil anos, estão dentro dos corações e mentes de milhões de pessoas que seguem e acreditam no cristianismo. Porém, não se trata de política ou religião, mas de humanidade. Assassinaram Marielle: uma ativista "cria da favela"; mulher; mãe; negra e forte, muito forte. Força que está nos corações e mentes dos milhões de "marielles". Afinal, ela era uma líder e como líder repercutiu sua morte, para que possamos refletir: por que pessoas humildes, pobres, trabalhadoras e "diferentes", são assassinadas e executadas todos os dias no Brasil? Todos querem mudança na política e quando aparecem pessoas alinhadas com esse jeito novo, lutando ao lado do povo, defendendo os oprimidos, fazendo política com os valores da dignidade e respeito ao dinheiro público, ainda há pessoas preocupadas somente com os seus próprios princípios morais, transformando-se, tristemente, em pessoas amargas, doentes, preconceituosas e que, consequentemente, são tomadas pelo sentimento do ódio-cego, gratuito, sem qualquer razão de ser. Como diz a música de abertura da novela global: "Tudo que você faz um dia volta para você.". Então, vamos fazer o bem!

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