O ‘progresso’ chegou à Vila Real. A eleição do dinheiro alternativo aconteceu durante a primeira ‘Feira de Trocas’ do ano, realizada no sábado (4). O sentimento de desenvolvimento do bairro e as expectativas de um futuro ainda melhor estimularam a escolha do nome
Ser solidário é muito mais viável economicamente do que ser competitivo. Com esta mentalidade, nasceu na capital cearense - Fortaleza - em 1998, a experiência do banco comunitário com a fundação do Banco Palmas, que atende a comunidade do Conjunto Palmeira, de 32 mil habitantes. Hoje há cerca de 65 bancos comunitários instalados em comunidades brasileiras, trabalhando com microcrédito, que estimula a cadeia produtiva e organiza as economias nas localidades. Com base na economia solidária, Várzea Paulista entra para este pequeno grupo de cidades no país, com a instalação do Banco Comunitário de Vila Real, que escolheu o nome de ‘progresso’ para a moeda social do bairro. “Isso é o resultado de uma comunidade que vem descobrindo a força da organização local. O nome escolhido reflete o sentimento de progresso da população da Vila Real, que agora vai gerir seu próprio banco”, avalia o prefeito Eduardo Tadeu Pereira, grande incentivador do projeto e dos movimentos sociais no bairro.
A eleição para escolher o nome da moeda social foi feita durante a ‘Feira de Trocas’ do bairro, realizada na manhã do sábado (4), em frente à escola Armando Dias. Entre uma troca e outra, os moradores optaram entre três nomes, previamente escolhidos durante a semana na comunidade: Realeza, Mangos e Progresso. Os resultados mostram que a população estava dividida na decisão, sendo que o nome ‘Progresso’ teve a preferência de 34 participantes, apenas quatro a mais das outras duas opções, que receberam 30 votos cada. “Ficamos felizes em fazer parte, ao lado da população, da grande transformação que vem acontecendo na Vila Real. A solidariedade é o marco maior de todo este processo. Acreditamos que se a localidade cresce, todos crescem junto, daí a importância de trabalhar em cooperação”, reconhece o vice-prefeito Lula Raniero.
Características do Banco Comunitário
O Banco Comunitário é controlado pelo Banco Central e está inserido no programa de desenvolvimento da Vila Real, incluindo a regularização fundiária e a urbanização do bairro. “Visando a qualificação informal, a prefeitura vai instalar uma incubadora pública de pequenos empreendimentos, se utilizando do trabalho que já há nas casas de moradores da Vila Real”, informa a secretária de Desenvolvimento Social, Giany Povoa, ao concluir: as pessoas se capacitam e conseguem o dinheiro dentro do banco comunitário para iniciar seus próprios negócios”, explica.
Um diferencial destes bancos comunitários é que, além da criação, a gestão também é feita por representantes da própria comunidade, fazendo com que estes serviços sejam um instrumento de organização e estímulo ao desenvolvimento local. Os agentes de créditos da Vila Real foram escolhidos e capacitados pelo Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo - NESOL-USP -, que venceu a chamada pública da região sudeste de economia solidária do Ministério de Trabalho e Emprego.
Trinta moradores do bairro participaram do curso de capacitação junto ao NESOL-USP, que selecionou seis participantes para fazerem as provas finais. As duas pessoas aprovadas para exercerem a função de agente de crédito foram: Lídia Souza Silva e Maria Ferreira de Brito, ambas moradoras atuantes na comunidade da Vila Real. “Depois de muito trabalho, o banco comunitário se tornou realidade na Vila Real, agregando valor às nossas expectativas de uma grande adesão da população do bairro”, comemora a agente de crédito Lídia Souza Silva.
A atuação do banco se dá de forma integrada com a produção e o consumo local, pois é formulado a partir de linhas de microcrédito produtivo e de consumo, levando em consideração critérios de análise que contemple a realidade local. “A aprovação dos microcréditos solicitados ao banco ocorre com o aval das pessoas da própria comunidade, que conhecem quem está solicitando o dinheiro. Além do desenvolvimento econômico do bairro, este projeto resgata valores e raízes, conscientizando as pessoas sobre a importância da união local”, ressalta a agente de crédito, Maria Ferreira de Brito.
Cidadania
Quase cem moradores da Vila Real, que faziam suas trocas na feira, participaram do processo de escolha da moeda social, entre elas a cozinheira Sandra Maria Ferreira, há 16 anos no bairro.
“Sempre pensei em montar o meu próprio negócio. O Banco Comunitário da Vila Real será muito útil, já que teremos a oportunidade de fazer curso, se capacitar e ainda conseguir o dinheiro para começar a trabalhar”, comemora Sandra Maria, que pretende empreender no segmento de alimentação. A moradora falou ainda que, apesar de ter votado no nome ‘realeza’, a escolha da maioria deve ser respeitada no processo democrático do projeto. “Na verdade, o nome de ‘progresso’ tem tudo a ver com o que vem acontecendo na Vila Real nos últimos anos”, analisa Sandra. Foi sorteada uma cesta de café da manhã entre os 34 votantes do nome vencedor, sendo ganhadora a moradora Ester Gomes da Silva Miranda.
Arte de Rua
Sob a coordenação do professor José Ribeiro - o Tiziu -, dois artistas varzinos prestigiaram o evento e manifestaram a arte de rua, utilizando como expressão a dança e o grafite em tela. Jeferson - Feijão Arts -, morador do Bairro Mirante e Daniel - BBoy -, que mora no Promeca, fizeram da rua o palco para o show de street dance, recebendo a participação improvisada de moradores do local. O grafite ficou por conta do artista Feijão Arts. “Percebendo a importância deste momento, convidei os amigos que fazem arte de rua na cidade para celebrarem o evento. Assim como as conquistas da Vila Real vem sendo por meio dos movimentos sociais, a arte de rua também tem sua identidade formada nos movimentos culturais dos guetos, sobretudo a partir da década de setenta. Então tem tudo a ver com o evento aqui hoje.”, compara Tiziu, que é coordenador da Uniafro em Várzea Paulista e presidente da ONG Amagraça.
*fotos de Eder jr
Ser solidário é muito mais viável economicamente do que ser competitivo. Com esta mentalidade, nasceu na capital cearense - Fortaleza - em 1998, a experiência do banco comunitário com a fundação do Banco Palmas, que atende a comunidade do Conjunto Palmeira, de 32 mil habitantes. Hoje há cerca de 65 bancos comunitários instalados em comunidades brasileiras, trabalhando com microcrédito, que estimula a cadeia produtiva e organiza as economias nas localidades. Com base na economia solidária, Várzea Paulista entra para este pequeno grupo de cidades no país, com a instalação do Banco Comunitário de Vila Real, que escolheu o nome de ‘progresso’ para a moeda social do bairro. “Isso é o resultado de uma comunidade que vem descobrindo a força da organização local. O nome escolhido reflete o sentimento de progresso da população da Vila Real, que agora vai gerir seu próprio banco”, avalia o prefeito Eduardo Tadeu Pereira, grande incentivador do projeto e dos movimentos sociais no bairro.
A eleição para escolher o nome da moeda social foi feita durante a ‘Feira de Trocas’ do bairro, realizada na manhã do sábado (4), em frente à escola Armando Dias. Entre uma troca e outra, os moradores optaram entre três nomes, previamente escolhidos durante a semana na comunidade: Realeza, Mangos e Progresso. Os resultados mostram que a população estava dividida na decisão, sendo que o nome ‘Progresso’ teve a preferência de 34 participantes, apenas quatro a mais das outras duas opções, que receberam 30 votos cada. “Ficamos felizes em fazer parte, ao lado da população, da grande transformação que vem acontecendo na Vila Real. A solidariedade é o marco maior de todo este processo. Acreditamos que se a localidade cresce, todos crescem junto, daí a importância de trabalhar em cooperação”, reconhece o vice-prefeito Lula Raniero.
Características do Banco Comunitário
O Banco Comunitário é controlado pelo Banco Central e está inserido no programa de desenvolvimento da Vila Real, incluindo a regularização fundiária e a urbanização do bairro. “Visando a qualificação informal, a prefeitura vai instalar uma incubadora pública de pequenos empreendimentos, se utilizando do trabalho que já há nas casas de moradores da Vila Real”, informa a secretária de Desenvolvimento Social, Giany Povoa, ao concluir: as pessoas se capacitam e conseguem o dinheiro dentro do banco comunitário para iniciar seus próprios negócios”, explica.
Um diferencial destes bancos comunitários é que, além da criação, a gestão também é feita por representantes da própria comunidade, fazendo com que estes serviços sejam um instrumento de organização e estímulo ao desenvolvimento local. Os agentes de créditos da Vila Real foram escolhidos e capacitados pelo Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo - NESOL-USP -, que venceu a chamada pública da região sudeste de economia solidária do Ministério de Trabalho e Emprego.
Trinta moradores do bairro participaram do curso de capacitação junto ao NESOL-USP, que selecionou seis participantes para fazerem as provas finais. As duas pessoas aprovadas para exercerem a função de agente de crédito foram: Lídia Souza Silva e Maria Ferreira de Brito, ambas moradoras atuantes na comunidade da Vila Real. “Depois de muito trabalho, o banco comunitário se tornou realidade na Vila Real, agregando valor às nossas expectativas de uma grande adesão da população do bairro”, comemora a agente de crédito Lídia Souza Silva.
A atuação do banco se dá de forma integrada com a produção e o consumo local, pois é formulado a partir de linhas de microcrédito produtivo e de consumo, levando em consideração critérios de análise que contemple a realidade local. “A aprovação dos microcréditos solicitados ao banco ocorre com o aval das pessoas da própria comunidade, que conhecem quem está solicitando o dinheiro. Além do desenvolvimento econômico do bairro, este projeto resgata valores e raízes, conscientizando as pessoas sobre a importância da união local”, ressalta a agente de crédito, Maria Ferreira de Brito.
Cidadania
Quase cem moradores da Vila Real, que faziam suas trocas na feira, participaram do processo de escolha da moeda social, entre elas a cozinheira Sandra Maria Ferreira, há 16 anos no bairro.
“Sempre pensei em montar o meu próprio negócio. O Banco Comunitário da Vila Real será muito útil, já que teremos a oportunidade de fazer curso, se capacitar e ainda conseguir o dinheiro para começar a trabalhar”, comemora Sandra Maria, que pretende empreender no segmento de alimentação. A moradora falou ainda que, apesar de ter votado no nome ‘realeza’, a escolha da maioria deve ser respeitada no processo democrático do projeto. “Na verdade, o nome de ‘progresso’ tem tudo a ver com o que vem acontecendo na Vila Real nos últimos anos”, analisa Sandra. Foi sorteada uma cesta de café da manhã entre os 34 votantes do nome vencedor, sendo ganhadora a moradora Ester Gomes da Silva Miranda.
Arte de Rua
Sob a coordenação do professor José Ribeiro - o Tiziu -, dois artistas varzinos prestigiaram o evento e manifestaram a arte de rua, utilizando como expressão a dança e o grafite em tela. Jeferson - Feijão Arts -, morador do Bairro Mirante e Daniel - BBoy -, que mora no Promeca, fizeram da rua o palco para o show de street dance, recebendo a participação improvisada de moradores do local. O grafite ficou por conta do artista Feijão Arts. “Percebendo a importância deste momento, convidei os amigos que fazem arte de rua na cidade para celebrarem o evento. Assim como as conquistas da Vila Real vem sendo por meio dos movimentos sociais, a arte de rua também tem sua identidade formada nos movimentos culturais dos guetos, sobretudo a partir da década de setenta. Então tem tudo a ver com o evento aqui hoje.”, compara Tiziu, que é coordenador da Uniafro em Várzea Paulista e presidente da ONG Amagraça.
*fotos de Eder jr
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