Há 23 anos em 18 de maio é comemorado o dia da Luta Antimanicomial no Brasil. A luta nacional da Psicologia é por uma sociedade sem manicômios, verdadeiras prisões para portadores de sofrimento mental
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio), foi criado durante o 2º Congresso dos Trabalhadores da Saúde Mental, realizado em 1987 no município de Bauru e passou a ser comemorada a partir do próximo ano (1988). Na ocasião foi proposta a reformulação do modelo assistencial em saúde mental e conseqüente reorganização dos serviços, privilegiando o atendimento extra-hospitalar e as equipes multiprofissionais. Iniciava-se a discussão dos direitos de cidadania e da legislação em relação ao doente mental.
A cidadania é um direito de todos e os manicômios são instituições desoladoras que agravam de forma indefinida os problemas, violando os Direitos Humanos. A reforma psiquiátrica busca que os portadores de sofrimento mental tenham interação cotidiana com a sociedade. Apesar das dificuldades, as conquistas são muitas. Em 1987 eram cem mil leitos em hospitais psiquiátricos e hoje com a implantação de serviços substitutivos, como Núcleos e Centros de Atenção Psicossocial (Naps e Caps), centros de convivência, moradias protegidas e outras iniciativas de inclusão no convívio social, na cultura, no direito e no trabalho, o país concentra números próximos de 33 mil leitos, dois terços a menos.
O trabalho em Várzea Paulista
Com o objetivo de compartilhar o dia de luta antimanicomial com a população, em Várzea Paulista o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) marca a data todos os anos com uma semana de atividades, incluindo visitas em todas as unidades de serviço do governo municipal, confraternização com familiares dos usuários e também a participação no Intercaps de Campinas, torneio de futebol que a equipe varzina sempre se destaca.
Criada em 2005 e cadastrada junto à prefeitura em 2007, o CAPS de Várzea Paulista conta com equipe multidisciplinar de psiquiatra, psicoterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeiro, técnico de enfermagem e assistente social, que atende 350 usuários inseridos com transtornos graves. Os casos leves recebem atenções básicas. No momento o atendimento se dá durante o dia, mas de acordo com o projeto de ampliação da rede, até julho de 2012 estará funcionando no período de 24 horas (dia e noite).
A ampliação da rede se dará ainda com a criação do CAPS Infanto-Juvenil, previsto para setembro deste ano; do CAPS de usuários de álcool e outras drogas (fev/2012) e com a instalação de duas moradias protegidas (residências terapêuticas), a primeira programada para outubro próximo e a segunda para maio de 2012. Com essas moradias a prefeitura de Várzea Paulista estará repatriando 16 varzinos internados com longa permanência em hospitais psiquiátricos e assim extinguindo cidadãos de Várzea Paulista nesta situação.
Segundo a secretária adjunta de Saúde da prefeitura de Várzea Paulista, Stellamaris Pinheiro, participante do congresso que instituiu a data em 1987 e atuante na luta, a implantação de serviços substitutivos reduziu dois terços o número de leitos nos hospitais psiquiátricos do país e podem ser considerados positivos, mas observa que a grande comemoração se dará quando estes leitos forem extintos. “Hoje há cerca de duas mil entidades entre núcleos e centros e estes serviços avançam não só em números como em qualidade, provando que é possível e melhor cuidar em liberdade, sem segregar, nem excluir. Nosso trabalho em Várzea Paulista contribui para que o Brasil esteja entre os cinco países de referência sobre o assunto”, informa Stellamaris.
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