São
Paulo, 30/09/2015 - Dilma tira ministro da Educação do cargo e
MEC terá quarto titular em dez meses; Mercadante sai da Casa Civil e regressa
para a Educação, e chefe da CGU ganha aposentadoria, em meio a debate sobre
fatiar pasta. Veja as principais notícias do dia do Broadcast Político.
OS
PERSONAGENS E OS FATOS
Renato
Janine Ribeiro: A presidente Dilma Rousseff chamou o
ministro da Educação ao Palácio do Planalto para comunicá-lo que ele deixará o
ministério. O Ministério da Educação (MEC) divulga uma nota sobre a demissão do
ministro. "A presidenta da República, Dilma Rousseff, esteve com o
ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, nesta quarta-feira, 30, às 15h no
Palácio do Planalto. Ficou confirmada a sua saída da pasta. A presidenta
reconheceu e agradeceu o trabalho de Janine no MEC", disse.
Aloizio
Mercadante: A presidente Dilma Rousseff decidiu
substituir o chefe da Casa Civil na reforma da equipe prevista para ser
anunciada nesta quinta-feira, 1.º. Diante do agravamento da crise política,
Dilma resolveu dar um sinal mais forte de que pretende “recomeçar” o segundo
mandato ampliando as mudanças e mexendo no coração do governo. Já em tom de
novo chefe da Casa Civil, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse nesta que
deixará a pasta com tristeza se for efetivado o convite da presidente para
assumir o posto. Wagner assegurou que aceitará, caso haja o chamado de Dilma. O
último desenho da reforma ministerial prevê a volta do homem-forte do governo
para o Ministério da Educação (MEC), pasta que ele ocupou durante dois anos (de
janeiro de 2012 a janeiro de 2014) e que até hoje era chefiada pelo ministro
Renato Janine Ribeiro.
Valdir
Simão: Em meio aos acertos finais da reforma ministerial, que
pode culminar no fatiamento da Controladoria-Geral da União (CGU), o chefe do
órgão teve concedida aposentadoria voluntária. A passagem do ministro para a
"inatividade remunerada" foi publicada no Diário Oficial da União
(DOU). Ele foi ocupante do cargo de auditor fiscal da Receita Federal, do
quadro permanente de pessoal do Ministério da Fazenda em São Paulo. O ministro afirmou,
por meio da assessoria, que o pedido de aposentadoria voluntária foi realizado
na segunda quinzena de agosto.
Jeferson
Monteiro: O publicitário carioca, criador do perfil satírico Dilma
Bolada, publicou na página pessoal no Facebook uma crítica à presidente Dilma
Rousseff. "Não é o governo que eu e mais de 54 milhões de brasileiros
elegemos", escreveu. O publicitário citou trecho de um samba famoso na
interpretação da cantora Beth Carvalho: "Você pagou com traição a quem
sempre lhe deu a mão". "Dilma não precisa do meu apoio no governo
dela, nem o meu e nem do apoio de ninguém que votou nela. Afinal, para ela só
importa o apoio do PMDB e de parte do empresariado para que ela se mantenha lá
onde está. Trocou o governo pelo cargo", diz.
Maria
das Graças Foster: Uma sucessão de e-mails da cúpula da
Odebrecht revelaria uma aparente preocupação dos executivos do alto-escalão do
grupo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso
na Operação Lava Jato. As mensagens trocadas em 24 de julho de 2014 - quatro
meses após a prisão de Costa - fazem menção direta à então presidente da
estatal. “Pense bem antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence”,
teria dito ela ao gerente-executivo do Abastecimento da petrolífera, Wilson
Guilherme, apontado com testemunha de defesa do ex-diretor de Abastecimento. A
então presidente da Petrobras e a direção da estatal não responderam aos
contatos da reportagem. "As defesas dos executivos e ex-executivos da
Odebrecht lamentam as interpretações distorcidas e descontextualizadas e
reafirmam que se manifestarão nos autos do processo”, afirmou a Odebrecht em
nota.
João
Vaccari Neto: O ex-tesoureiro do PT arrolou oito políticos
do partido como testemunhas na ação que também tem como réu o ex-deputado e
ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva). O ex-tesoureiro do PT e Dirceu são acusados de corrupção, lavagem de
dinheiro e organização criminosa. Eles foram presos pela Operação Lava Jato sob
suspeita de ter arrecadado propinas do esquema de corrupção instalado na
Petrobras entre 2004 e 2014.
Michel
Temer: Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff vetar a
doação de empresas a campanhas, o vice-presidente disse que trabalha para que o
Senado aprove a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que regulariza esse
tipo de financiamento. Historicamente, PT e PMDB sempre divergiram sobre essa
questão. Enquanto o partido de Dilma defende o financiamento público exclusivo
de campanhas, o do vice-presidente considera adequado uma legenda receber
ofertas empresariais.
Dilma
Rousseff: O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou
que despachou e indeferiu três pedidos de impeachment da presidente da
República. "Fiz isso ontem (29) à noite", disse. Os requerimentos
foram publicados no Diário Oficial da Câmara. Com a exclusão das três
solicitações, ainda restam dez para serem analisadas por Cunha. Ele havia
afirmado que pretende avaliar diariamente "com calma" os pedidos e
que alguns processos "simplórios" seriam recusados.
CNI/Ibope: A
porcentagem da população que considera do governo da presidente Dilma Rousseff
ruim ou péssimo oscilou de 68% para 69% de junho para setembro, de acordo com
pesquisa realizada pelo Ibope sob encomenda da Confederação Nacional da
Indústria (CNI). A parcela dos entrevistados que avalia a administração federal
como ótima ou boa também oscilou de 9% para 10%. Já os que consideram a gestão
regular permaneceram em 21%.
Pauta-bomba: Em
razão da permanência do impasse com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
anunciou nesta quarta-feira, 30, o adiamento da sessão do Congresso em que
estava prevista a discussão de vetos presidenciais à chamada "pauta-bomba".
O imbróglio tem origem no fato de Cunha defender que na sessão do Congresso
desta quarta-feira, 30, também fosse incluída a apreciação dos vetos da Lei da
Reforma Eleitoral, encaminhados nesta terça-feira, 29, ao Legislativo pela
presidente Dilma Rousseff.
O
PALCO
Maranhão: A
Procuradoria-Geral da República (PGR) no Maranhão requereu que a Justiça
Federal no Estado reconsidere a decisão que determinou que a ex-prefeita de Bom
Jardim Lidiane Rocha (sem partido) fosse recolhida preventivamente ao quartel
do Corpo de Bombeiros de São Luís. Se o pedido for acatado pela Justiça,
Lidiane deverá ser encaminhada para a Penitenciária Feminina, no Complexo de
Pedrinhas.
OS
PODERES
Executivo: Em e-mail de 14
de dezembro de 2011, o empreiteiro Marcelo Odebrecht trata de uma visita da
presidente Dilma Rousseff a Cuba e ao Haiti. A missão presidencial ocorreria no
início de 2012. Odebrecht enviou mensagem ao executivo do grupo Luiz Antônio
Mamerie e a outros dirigentes aos quais diz que "irá se programar"
para chegar no dia 30. A mensagem faz parte de um volumoso arquivo de textos
eletrônicos copiados pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato.
Num dos
e-mails, o empreiteiro escreveu: “Aproveitem este evento para fazerem algumas
coisas acontecer". "Entendo que não temos nada no Haiti”, recomenda
Odebrecht aos colegas de empresa. A assessoria do governo afirmou que
"está dentro da normalidade institucional que empresários integrem comitivas
de viagens nacionais e internacionais quando a agenda envolve investimentos
importantes para a economia". A Odebrecht afirmou que os trechos de
mensagens "apenas registram uma atuação institucional! legítima e natural
da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o
País".
Legislativo: A
Câmara aprovou a emenda que trata da chamada "desaposentação" de
contribuintes que se sentirem prejudicados com a regra do fator previdenciário.
O texto ainda vai ao Senado, que pode fazer novas alterações. A nova norma
permitirá que trabalhadores que se aposentaram com incidência do fator voltem a
trabalhar e recolher ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por cinco
anos. Assim, quando acessarem a nova aposentadoria, poderão ganhar até o teto
do Regime Geral da Previdência, hoje em R$ 4663,75 ao mês.
Judiciário: A
8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) negou o pedido de
habeas corpus dos executivos ligados à Odebrecht Márcio Faria da Silva e
Rogério Santos de Araújo. Silva e Araújo foram presos preventivamente na 14.ª
fase da Operação Lava Jato, deflagrada em 19 de junho.
AS
ASPAS
"Lula
fez isso quando era presidente e faz agora, diz ele, com muito orgulho."
Do presidente nacional do
PT, Rui Falcão, ao afirmar que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva da empresas brasileiras não significa favorecimento de ninguém. Falcão
considerou uma "aberração" o vazamento de e-mails que mostrariam a
influência do governo Lula em favor da empreiteira Odebrecht.
A
AGENDA
O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva aprovou o último desenho da reforma ministerial planejada pela
presidente Dilma Rousseff. Lula tem reunião marcada nesta quinta-feira, 1.º,
com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília. A mudança na equipe fortalece o
grupo do ex-presidente no governo e a ideia é que passe a imagem de um
"recomeço" de administração para barrar eventuais pedidos de
impeachment de Dilma.
A
LAVA JATO
O Ministério Público (MP) da
Suíça bloqueou uma conta que teria como beneficiário o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A descoberta da conta aconteceu após a realização de
um pente-fino nas transações de operadores do esquema de corrupção na
Petrobras. O presidente da Câmara, que foi denunciado pela Procuradoria-Geral
da República (PGR) por corrupção e lavagem de dinheiro, nega participação em
irregularidades. A Suíça transferiu para o Brasil investigação criminal sobre o
presidente da Câmara.
Daniel Galvão (daniel.galvao@estadao.com)
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